sábado, 30 de junho de 2012

O abraço

Do alto de um silêncio perturbador, falar nada adiantaria. As palavras daqui só saem pelo toque, transmissão instantânea ao abraço, ao aperto, ao contato. Se não podes ter contato, não poderias entender. Não poderia entender o calor de um sonho enterrado vivo, que se debate e como último recurso para causar piedade, chora. Chora gritando, clamando, implorando, suplicando para não morrer. Há dor maior em vê-lo chorar do que vê-lo morrer. A um sonho assim deveria ser proibido matar. Crime, é um crime. Mas que se faz? Enterra-o e vela-o em silêncio, silêncio de anos, silêncio de uma vida. Uma noite dessas o deixei lá, e segui. E não posso esquecer aquele pedido, aquele clamor, aquela chance – a que ele não teve. Sei que não entendes o que essas palavras te dizem. Neste silêncio um abraço te contaria melhor. Este abraço, este mesmo, o que não podes me dar.

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