segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Vamos rir


Ai, dor doída, vamos rir. Vamos rir dessas mazelas infindas, sem trégua, sem paz. Cínica ou tristemente, vamos rir. Riso solto, de quem está sendo feito de bobo pela vida, e consente. Como uma forma piedosa de fazer bem a quem jura estar fazendo mal. A ela que por vezes deseja nos fazer de palhaços e coloca em nós o mais vermelho nariz, que acaba por roubar nossos próprios risos diante do espelho. Aquele riso desconsolado, lamurioso. Mas persistente. Entre o riso e as lágrimas, escolho os dois. Simultaneamente.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Cena Final

Pela primeira vez subiu a escada com passos alados - uma dança bem leve. Leve como se sente pela primeira vez por estar perto de si. Por completar-se, e ter finalmente percebido isso. Finalmente. É... Certamente essa seria a cena final do filme. Um caminhar altaneiro, o coração sintonizado com o próprio. Então aquele sutil caminhar ritmado, mais do que com a música que ouve, com o coração que sente e vive. Gratidão pelo que a vida tem trazido de bom e ruim, mas tem trazido. Gratidão pelas dores que tem dado a real dimensão do valor das alegrias. Gratidão pela vida e saúde, sua e dos seus queridos. Gratidão pelo que não deu certo, e pelo que deu. Gratidão, gratidão. Gratidão. Sozinha. Sim, sozinha. Aprendendo como nunca, amando como sempre. Coração aberto, para as pessoas, o carinho, as verdades. Aprendendo/ensinando a simplicidade do amor puro, sincero. Verdadeiro. Quanto amor pela verdade. O sentimento de fim: valeu à pena. O sentimento de começo: sempre valerá.

“Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do selvagem coração da vida.”

-James Joyce- (Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem)