domingo, 23 de setembro de 2012

Sobre ensinar e aprender

Ela tentou ensiná-lo. Conversou, explicou detalhadamente. Mas ele pareceu não entender. Ela não acreditava que ele não pudesse entender. Ela chamou a atenção, argumentou, fez sinais, encenações, comparações. Tentou convencê-lo a se salvar. Ele não demonstrou preocupação. Ela não aceitava que ele não quisesse ser salvo. Ela gritou, se desesperou, esperneou, chorou, clamou. Ele ignorou. Ela propôs ajudar, ficar ao lado. Ele não aceitou. Ela insistiu, cansou, recuperou as forças, insistiu, insistiu, insistiu. Fez desenhos, mapas, pinturas. Queria que ele conseguisse enxergar o óbvio. Queria que ele aceitasse o óbvio. Queria que ele desejasse o óbvio - ser salvo. Queria que ele quisesse viver. Ele não quis. Ela tentou mais uma vez (era insistente, talvez teimosa). Então fez chantagem, apelou, jogou baixo - queria comovê-lo. Ele não deu atenção. Não importava o quanto ela quisesse, ele não queria. Ela sentiu muito, sofreu, se culpou, se perdoou, aprendeu. Demorou, mas ela aprendeu. Ela aceitou a vontade dele. Ela entendeu que aceitar não é desistir – é aceitar. Ele via desde o princípio, ele entendia, ele sabia. Mas ele não queria. Por fim, ela aprendeu: não se pode ensinar quem não quer aprender. Não se pode salvar quem não quer ser salvo.

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