sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O pesadelo





Sonhei com você. Não aqueles sonhos bonitos que a gente costumava ter. Mas aquele sonho que estraga qualquer véspera de feriado. Você em prantos, numa cadeira de rodas, olhando a chuva cair, soluçava enquanto me dizia: "olha só o que a gente se gostar fez". E eu me ajoelhei pra te abraçar, pra te oferecer piedade, ombro, e o resto em caquinhos do meu amor.

Veja só, o que a gente se gostar fez com a gente. Veja só quão triste é isso da gente não conseguir mais ir pra frente, caminhar, continuar, se não for com o outro nos empurrando. Veja só essa ação paralisante desse amor que é doença, mas não existe vacina pra previnir. Eu quis tanto ser tua paz, teu abrigo, aquele lugar pra onde você corre quando tudo dá errado, e sabe que ali está protegido. Eu quis tanto, e tudo. Enquanto você queria o que ainda nem sabia, não queria paixão, queria amor mesmo, de pé no chão e sofá no domingo. Eu queria também. Por que será que a gente não quis o mesmo, ao mesmo tempo? Por que será que a gente se querer não bastou?

A gente queria mais, queria tirar o outro da zona de conforto, como se amar fosse estar na linha de frente, sempre. Eu gritei, você gritou, a gente se machucou, por dentro, por fora. Veja só o que o amor faz com quem não sabe amar. E essa paralesia, e a gente sentado, olhando a chuva cair, pensando: Olha no que deu a gente se gostar. Que Deus me livre. Que Deus te livre. Que Deus nos livre de outro amor assim. Amém!

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