quinta-feira, 26 de abril de 2012

O que procuras?

O que procuras? O que vieste fazer aqui hoje? Procuras romances? Sonho? Verdade? Procuras a mim? Ou a ti? Queres que eu te dê voz? Que escreva por ti? Que diga o que não tem coragem? Ou não sabe? Ou não acreditas? Ou não podes mais? Queres zombar? Queres me diminuir? Ou te diminuíres? Queres que eu escreva o que queres ler? Queres o meu romantismo? Ou meu realismo? Queres duvidar de que seja possível? Ou queres acreditar que seja? Queres os meus olhos? Ou os seus? Pois afirmo que não encontrarás aqui nada além de ti mesmo. É teu olhar no meu que fará destas letras algo de bom – ou ruim. Se vieres com amargura vais sair daqui acreditando ser tudo uma grande ilusão de um coração romântico bobo demais. Se vieres com esperança vais sair daqui acreditando que é possível fazer tudo ou alguma coisa valer à pena. Se vieres não desejando nada, é com nada que vais sair. Vais entender então, um dia, que é teu olhar que faz o teu mundo. Que amas o que é teu em outro, e a recíproca vale para o ódio. Não é o que está diante de ti, mas o que procuras. A propósito, o que procuras?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O que queria dizer!

Desculpe por ligar essa hora da noite. É tarde demais, eu sei, assim como é tarde demais para nós dois, segundo eu mesmo. Mas eu só queria dizer que eu gosto de você. Que não consigo dormir porque agora você é apenas seu e nada meu, embora todas as suas lembranças estejam aqui. E eu sou uma memória, uma triste memória do que você já não quer viver. Não quero ser uma memória gostando assim, nem ao menos sei se memórias sabem gostar ou apenas parasitam o amor que a gente sente. E eu gosto de você, então não posso ser uma memória. Preciso ser seu, como era antes, como sempre fui desde o dia em que você segurou minhas mãos e tirou o celular delas. Dizem que a noite traz dezenas de coisas, especialmente o sono. Para mim ela ás vezes carrega um toque de angústia e solidão .E as lembranças que tenho de você (hoje tem sido assim). Mesmo quando esta longe, você esta aqui, como um sopro leve em meu olhos cansados, meu sono fraco e meu peito inseguro. E agora nada. Um travesseiro, um edredom e gritos de tristeza que acordam os vizinhos. Tocaram o interfone aqui. Pediram para parar com a barulheira. Mas você não ouve minha sofreguidão incontida. Você está longe demais e agora nem o que estava perto está mais. Desculpe por ligar e soluçar tanto minha dor aos seus ouvidos. Mas é que eu gosto de você.
Posso estar sendo presunçoso, mas acho que mereço um pouco de compreensão, perdão ou seja lá o nome que você queira dar a isso. E mereço que você volte a ser como era antes. Porque acho que posso mesmo te fazer feliz, ainda que eu seja uma pessoa triste. Estou pedindo pela primeira vez que reconsidere a situação.
Estava me perguntando o que faria com todos os tópicos sobre você que estavam escritos em meu diário mental, não sei. Não tenho como jogar no lixo o fato de gostar de você,de almejar algo juntos, sobre isso que você me passa a impressão de não acreditar.Eu sou idiota mesmo. Você quer trilhar estradas com outro alguém,comigo ou  só, enquanto isso eu sentei aqui para te esperar voltar porque não posso seguir adiante nessa situação. Você tem a capacidade de ser grande, eu não. Eu precisava de você para me aumentar, para acrescentar tudo que me faltava. Pimenta, sal, açúcar, cor. Mais do que tudo, cor. Tudo que eu queria era continuar gostando de você, mas ele está aí com você e eu não sei o que fazer além de cair de joelhos e pedir que você não jogue tudo que se passou fora e que traga uma chance de continuarmos vivendo outras tantas coisas como eu mesmo já imaginei algumas vezes.
Então estou aqui,  pedindo que me perdoe por ligar tão tarde. E por aprender tão mais tarde ainda o que deveria saber desde o começo. E também peço perdão por ter aquela coisa chamada insegurança. Aquela que te afastou de mim. Mas, acima de tudo, peço perdão por não conseguir me desvencilhar de você e te dar a paz que você quer longe de mim. A questão é que estou sem sono. Não sei ser sua linha paralela.Com 2 as coisas ficam mais fácil, acredita em mim. Em nós. Acredita em tudo que você costuma acreditar e que eu carrego como algo subversivo na minha vida.  Nós podemos. Sempre acreditei quando você dizia que  de alguma forma poderíamos. Sempre dei um jeito de tentar. Acredita em mim , já que tudo se inverteu. Dessa vez não é de mim que dependemos, porque já aprendi. Estou dizendo que podemos. É só você voltar a ser como antes. Troco minha escrita – sempre melhor quando estou sozinho e desnorteado – para estar com você. Você disse através de um texto que eu preciso aprender a não desistir sem tentar.Você me entende e sabe lá no fundo que se eu pudesse melhorar com um piscar de olhos já teria feito isso para te convencer. Mas eu preciso de um pouco de paciência e compreensão para continuar melhorando aos poucos, com passos de bebê. Posso me acostumar com sua ida para longe, desde que você esteja comigo. Você não me deu tempo para captar as mudanças ao redor. Eu só preciso que você me dê um tempo, sem ficar longe de mim.
Desculpa por ligar tão tarde. Você só respondeu “tchau” e eu até entendo que mereço, apesar de querer asfixiar o rosto embaixo do travesseiro. Desculpa por ligar tão tarde. Mas é que não consigo dormir.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Do Silêncio

Andava assim, em silêncio profundo. Cada vez com uma certeza maior de que um dia não terá mais volta. Terá mergulhado em vasto segredo, em profunda quietude. Não te assustes, é um silêncio bonito. Uma serenidade pura, um sossego valioso. O mundo anda acabando, dizem. Usa então o tempo para realizar. Diminuiu o tamanho dos sonhos. Hoje eles têm um tamanho possível. Falam, é muito conformada. Incomodam-se, anda muito contente. É que existe uma vontade, um delírio. É que a cada proximidade do fim apressa-se a viver os detalhes. É que sempre são detalhes. Aqueles risos gostosos, que deveriam ser protegidos de tão preciosos. As juras tão belas quanto impossíveis. A esperança de que a vida poesia traga doçura no fim. E quiçá, aquele sonho um dia se realize. Além disso, promete não demorar mais. E também nunca mais fazer promessas.


terça-feira, 27 de março de 2012

Presságio


Salvador, minha agenda , dia 09 de março de 2012

Hoje aconteceram os fatos mais surpreendentes.
Foi um dia de dor indescritível.
Foi tudo que não acreditei que poderia acontecer.
Minha vida foi dividida hoje.

Naquele dia era um presságio. Hoje escutava alguém falar e... Epifania! A mente voltou e procurou, procurou. Encontrei! Corri e confirmei. Quatro meses separam do que era um sentido para o que provou ser uma verdade. Naquele dia a escolha foi culpa minha. Solidão absoluta que me fez escolher livremente. Talvez nem seja solidão a palavra, mas uma ruptura com o passado. Ponto final. Não tinha mais ‘e se’ com história alguma. Eu tinha todos os pontos finais e foi assustador a princípio. Agarrar-me a que, a quem? Olhei ao redor e não havia nada nem ninguém além de mim. Abracei-me compassivo e, pela primeira vez, senti-me. E então escolhi, sem pesar, e nem pedir desculpas (o maior de todos os alívios!). Libertei-me de uma época, do antes e do depois de minha vida. E embora para quem esteja perto possa nem estar aparente, (o que é facilmente explicado: todos os que estão perto advieram dos últimos 3 anos) minha vida foi dividida. Vejo enorme beleza nisso tudo hoje. Aliás, vejo uma singularidade incrível. O passado hoje é uma recordação que não dói e não me pede mais nada. Não sai de mim, mas não me prende a ele. Consciência tranqüila, coração aberto. Hoje me sigo e não me persigo. Meus limites se mostraram minhas possibilidades. Jamais seria possível relatar o que aconteceu neste período de 3 anos, mas foi o tempo que eu pedi ou que me deram. E minha determinação mostrou-se mais uma vez maior que as desculpas. Então, três anos se passaram, hoje a grande epifania piscou para mim e me trouxe um sorriso. Se é verdade que as coisas muito boas precedem coisas muito ruins, a recíproca deve ser verdadeira. Se tudo, fora de mim, está em desordem, o mundo de cabeça para baixo, as emoções todas libertinas, então eu abro meus braços e meu coração para o que está por vir. Algo muito bom deve estar para acontecer.


quarta-feira, 21 de março de 2012

Desnudo

Hoje eu sei o que é o amor e o que pode mesmo ser chamado assim. Sei diferenciar carência, solidão e outras coisas quaisquer do grande e impactante amor. Você tenta convencer, sem prova alguma, que o que eu sinto é carência momentânea, dessas que mentem e ferem. Aqui vai a novidade: o que eu sinto é amor em sua forma mais pura e ninguém que não saiba das coisas que vivi e pelas quais passei tem o direito de dizer o contrário. De desamores a desafetos, passando por violência em todos os sentidos da palavra, humilhações e puxões de tapete, passei por um rol inteiro de más experiências. E foram elas que me ensinaram a dar valor e segurar com força carinhosa o que tenho hoje em minhas mãos. Também cresci mais rápido do que deveria, já dizia meu psiquiatra. Quem dera eu fosse a criança que você imagina, eu daria qualquer coisa para voltar a ser assim, o bobinho que pensa que o amor é composto por beijos e abraços. Seria tudo mais fácil. Mas não é. O que amo não são os beijos, mas algo substrato que ainda não tem denominação. Algo como o conjunto da obra e como a obra pode me tocar profundamente – sentimento que só aqueles que passam horas em frente a uma obra de arte exposta em um museu, analisando cada linha tênue, podem entender. O que amo é o sorriso mais encantador do mundo, a mão quentinha contra a minha fria, a conversa fácil e a cumplicidade no olhar. O silêncio que nunca é constrangedor. Os momentos em que sinto que deveria congelar o tempo só para olhar para ele mais um pouco ou simplesmente porque estou onde sempre quis estar. Esses mesmos instantes em que admiro as linhas tênues da pessoa ao meu lado, que vale mais do que qualquer quadro famoso. Amo o encaixe perfeito na hora de dormir, de saltar, de chorar, de dar ou receber colo. A força mútua para atravessar problemas juntos e sem precisar de mais ninguém (pensando bem, talvez seja isso o que mais incomoda). A dedicação, as conquistas e vitórias que vi e acompanhei de perto, sempre a apenas centímetros de distância, e o sentimento de felicidade que senti por outra pessoa que não eu. A certeza nas palavras. A convicção na hora de dizer “eu te amo”. Mas, acima de tudo, o fato de que alguém conhece o máximo de mim que uma pessoa já conheceu, decorou cada cantinho escuro e, ainda assim, me ama. E confia em mim; conheço seus cantinhos escuros, inseguranças e o que sempre faltou em sua vida, coisas que outras pessoas desconhecem e nunca tiveram interesse em descobrir. E  amo mesmo assim. Ou melhor, justamente por isso.
Posso não ter terminado uma faculdade, é um ponto de fracasso totalmente presente. Mas  vou  cursar outra  e sei que, dessa vez, chegarei lá com honra e mérito. Olha só, estou até aprendendo a ser mais positivo. E não é por isso, por ainda não ter um curso superior, que sou burro para saber que carência não engloba essas coisas, nem sequer uma pontinha significativa disso. Se fosse carência, a distância me faria desistir. Porque carência não resiste e não é difícil de suprir. Mas o amor... O amor resiste e é insubstituível enquanto for mesmo amor. O amor sobrevive às adversidades e impedimentos porque tem uma força inegável. A carência não te faria sorrir ao meu lado e querer quebrar regras para estar comigo sem que eu dissesse uma palavra sequer além de “meu amor”. A pintura que você faz é tão discrepante da vida real que dá medo. A imposição é brutal e cruel, embora escondida em bases de bem. Nós dois saímos com chagas tristes dessa situação.
Sou julgado por causar lágrimas e frustrações ou até mesmo por minhas próprias lágrimas. Não se pode mais chorar, é prejudicial à saúde. Ou vergonhoso, não sei. Nunca vi nada de mal em chorar e expulsar tristezas entupidas. Que tipo de amor é esse que obriga, prende, limita e não vê o que está diante dos olhos? Um amor que impõe o fim de outro amor que, embora diferente e muito mais tardio, é tão bonito que brilha aos olhos de quem enxerga. E aos nossos também. Mais uma vez a realidade flutua muito acima da cabeça. É a tal discrepância de novo, esse estranho amor. Assim como o menino que era terrível e causava medo e hoje, de repente, virou um anjo seguro de si. Sou inseguro, nunca neguei a verdade. Mas não preciso compreender e diferenciar o que são momentos passageiros da vida porque, dessa vez, não sou um deles. Fui a vida inteira, mas não mais. Tentei de todas as formas possíveis não ser apenas isso ,aos importantes  também mas, aparentemente, o esforço foi inútil.
Meu coração pode ser um cubo mágico extremamente bagunçado, mas se quer tentar juntar as cores e tem direito a isso porque eu estou aqui, sempre de braços abertos para apontar as nuances. Todas as cores são para você, todos os tons bonitos. O negro ficou escondido em uma comporta fechada e, é verdade, as vezes reaparece, mas o dominamos até que durma de novo. Tenho problemas como todo mundo. Não preciso ficar falando sobre eles, há centenas de textos sobre cada um, totalmente admitidos. Isso, no entanto, não faz de mim um homem errado. Esperar pela perfeição é frustrante porque, lá no final, você percebe que ela não existe e que os defeitos sempre prevalecerão aos olhos de quem insiste em fechá-los para o resto. Depressão pode ser tratada, irracionalidade não.
O fato é que amo e só uma pessoa precisa acreditar nisso. E essa pessoa acredita, independente dos momentos pelos quais passa – aqueles mesmos em que estou sempre pronto a ajudar. Não vou superar nada e aprendi a detestar essa palavra cujo significo foi distorcido. Não superarei o amor nem tudo que já vivemos e muito menos o que vamos viver. Porque meu coração não é um pobre coitado carente e apaixonado; é uma massa de amor concreto e totalmente verdadeiro. . Eu não preciso de proteção infundada. Nós não precisamos de torcida para nos afastarmos, nossa bola já está no gol há quase um ano, praticamente colada na rede. Só precisamos de compreensão. E, claro, do extermínio das discrepâncias.

Ah, isso eu queria

Eu queria muita arte, muita poesia, muita música. Eu queria liberdade absoluta e responsável por si. Eu queria que todos ganhassem a vida produzindo o que gostassem de fazer. Escrever, desenhar, dançar, cantar, conversar, abraçar, amar. Ou a arte de fazer nada. Queria amor escancarado, declarado. Eu queria que a gente dormisse esperando ansiosamente acordar para começar a labuta do dia seguinte. Reclamações do tipo: ‘eu estou amando demais, nem sei mais o que fazer’. Para terminar naquela gargalhada com ironia fina. Delícia! Ah, eu queria mesmo era morar em um lugar mágico. Em um vale encantado. Ou no coração daquele moço, tanto faz. Isso eu queria. Eu queria que a gente se cumprimentasse com versos. Eu queria não que não houvesse lágrimas, mas eu queria que quando houvesse a gente se unisse abraçados e chorássemos juntos até o som ficar por si só estranho o suficiente para metamorfosear e virasse um coro de gargalhadas. Ah, isso eu queria. Eu não queria acreditar que isso fosse impossível. Eu queria era que mais gente quisesse comigo, para pelo menos ter certeza de que eu não estou sonhando sozinho, e que de alguma forma, a gente já esteja tentando.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Natural

Espontaneidade nunca é fácil. E nunca é pequena. Devo dizer que sempre optei por discrição, e essa escolha levou-me a uma profundidade solitária, distante. Acho que no final das contas, me escondi de mim o quanto pude. Tinha uma aparente liberdade, mas estava preso dentro de mim. Eu não fui livre na minha vida inteira. E talvez ainda nem seja completamente. O fato é que por dentro eu sempre me persegui. Impliquei com minhas escolhas, meus caminhos. Cismei comigo. E resolvi combater. Mostrar que eu era o que eu queria e pronto. Deu errado. Eu fui mais forte do que minha vontade, e embora ainda esteja preso, ensinei pra mim mesmo que eu não mando em mim. Assim mesmo, contradizendo tudo. Inclusive a mim! Repentinamente, sabendo o risco, mas não a dimensão, mostrei algumas coisas, partes de mim. Para pessoas, conhecidas ou não, queridas ou não. A escolha é: ou se é espontâneo, aceitando que não será possível controlar o que vão achar disso; ou terá que se esconder de todos. Não há como escolher quando, como ou com quem dá para ser autêntico. Ou a autenticidade é natural, ou não existe. Isso tem mais a ver com o que eu faço por mim, do que a opinião alheia. É um respeito próprio legítimo. É aceitar quem se é, e não lutar contra isso. Longe de sugerir um contentamento inútil. Não é estagnar, parar de crescer ou achar que não é possível ou necessário mudar. Mudamos a visão e os comportamentos todos os dias, sem que nossa essência seja corrompida. Sempre é possível mudar; mas até para isso é importante se aceitar, pisar seguro, respeitar-se mais do que qualquer outro faria por você. Mostrar o que se é realmente não é fácil. Aceitar, no entanto, é infinitamente mais raro, e difícil. Enquanto eu me preocupar em mostrar a outros, quem eu sou, e o que desejo; estarei perdendo tempo de sê-lo verdadeiramente. No dicionário, natural é sinônimo de espontâneo. Na prática também. Uma solidão não planejada me deixou livre de amarras e pedidos de desculpas. Alguma coisa do tipo: esse sou eu, simples e completamente. Eu NÃO lamento por sua interpretação ou o que vai fazer a respeito. E não sinto muito por não lamentar por isso! Além disso, não vou fazer nada para você acreditar. Eu sou isso, não tangível, definido e, de súbito, livre.